Nanna Melland, 1969. Fotografia: Morten Brun
Filomena Silvano. Fotografia: Direitos reservados. Cortesia Filomena Silvano
Filomena Silvano. Fotografia. Direitos reservados. Cortesia Filomena Silvano.
Nanna Melland, 1969. Fotografia: Morten Brun
Denis Bruna. Fotografia: Direitos reservados
Denis Bruna. Fotografia: Direitos reservados
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            ENCERRAMENTO DA BIENAL
 
JEWELLERY  STORIES FROM THE NORTH
Palestra Nanna Melland (NO)
19 de novembro, sexta
18h
 
MASK, PROTECTION AND ELEGANCE
Palestra Denis Bruna (FR)
20 de novembro, sábado
15h 
 
VESTIMO-NOS PARA NOS TORNARMOS HUMANOS. MAS E O QUE É SER HUMANO?
Palestra Filomena Silvano
20 de novembro, sábado
16h
 
TRIBUTO A VALERIA VALLART SIEMELINK
Com Hes Siemelink
20 de novembro, sábado
17h
 
ENCERRAMENTO DA BIENAL
Cristina Filipe
20 de novembro, sábado
17h30
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Nanna Melland, «Heart Charm», 2000. Fotografia. Cortesia e fotografia Nanna Melland.
JEWELLERY  STORIES FROM THE NORTH
Esta palestra vai levá-lo numa viagem a um dos cantos mais escuros da Europa: a Noruega. Terra de Vikings e dos indígenas Sami, é um país de enormes contrastes naturais que vão de Verões escuros e frios a Verões cheios de luz.
A roupa quente protegê-lo-á do frio, mas não há proteção contra a escuridão. Vai penetrar na sua mente como um denso nevoeiro. À medida que a natureza hiberna, as pessoas tentam o seu melhor para sobreviverem ao inverno. Não é um exercício para principiantes. Para a maioria dos noruegueses, é um desafio para toda a vida.
Nestas condições, uma pequena, mas próspera, comunidade de fabricantes de joias cria o seu trabalho juntamente com outras expressões criativas da Noruega, tais como as suas famosas bandas de black metal, o poeta Henrik Ibsen, o pintor Edvard Munch, e a rainha da joalharia contemporânea, Tone Vigeland. A escuridão e o frio são certamente uma força poderosa para a criatividade, tão mágica como as cores da aurora boreal a pulsar no céu!
 
NANNA MELLAND (1969, Oslo, Noruega) possui diplomas da Academia de Belas-Artes de Munique, o mestrado em Antropologia Social e História da Religião pela Universidade de Oslo, e é uma artista especializada em joalharia. Professora convidada no Burg Gibichenstein em Halle, Alemanha (2017), está sediada em Oslo.
Em 2008, recebeu o Prémio Norwegian Craft. Trabalha com vários materiais e explora uma grande variedade de temas, incluindo dispositivos intra-uterinos (DIU), pregos de ouro, corações de porcos fundidos, orquídeas em chumbo, aviões de alumínio e anéis de bombas atómicas em estanho. Apesar do seu ecletismo, o seu trabalho atinge, paradoxalmente, um todo coerente e está representado no museu Nordenfjeldske Arts and Craft, em Trondheim, Noruega.
Participou em muitas exposições, coletivas e individuais, em museus e galerias de todo o mundo, incluindo na Pinakotek Moderne, em Munique, na feira Schmuck, no Museu de Arte Moderna (Arnheim), no Museu de Arte Moderna de Paris, no Museu de Joalharia (Pforzheim), no Museu de Arte e Design de Nova Iorque e no Museu de Arte Dowse (Nova Zelândia)
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Wenceslaus Hollar (1607-1677), Winter, 1643-1644. Etching. New York, The Metropolitan Museum of Art, 2018.846.4.  Public domain https://www.metmuseum.org/art/collection/search/816031
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Wenceslaus Hollar (1607-1677), Winter, 1643-1644. Etching. New York, The Metropolitan Museum of Art, 2018.846.4.  Public domain https://www.metmuseum.org/art/collection/search/816031
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A MÁSCARA, PROTEÇÃO E ELEGÂNCIA. Para limitar os riscos de contágio da covid-19, todos fomos obrigados a usar uma máscara. Em alguns países, como a França, a dificuldade em obter máscaras cirúrgicas, no início da pandemia, levou à produção caseira de máscaras de tecido. Quando as máscaras ficaram disponíveis, lojas, lojas de museus e muitos websites ofereceram máscaras de tecido com cores e padrões variados para se diferenciarem da uniformidade e da triste aparência das máscaras azuis. Para uma pessoa preocupada com a elegância, a máscara cirúrgica não fica bem com um fato ou vestido de noite. Designers de moda, «Maisons de Mode» e artistas transformaram a máscara de objeto necessário em acessório de moda que se inscreve numa longa história. Na verdade, do século XVI em diante, pinturas e gravuras mostram mulheres a usar máscaras de veludo negro para protegerem a pele do sol ou para protegerem a sua privacidade. Alguns cronistas dizem, inclusive, que o negro da máscara fazia o pescoço parecer mais branco. Esta reflexão traça a história da máscara, mas examinará também as noções combinadas de proteção e elegância.
 
DENIS BRUNA (Aubagne, 1967)  é doutor em História pela Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne e diretor de investigação e intregrou em 2011 o Musée des Arts Décoratifs de Paris como curador principal das coleções de Moda e Têxtil anteriores ao século XIX. É também professor de história da moda e do vestuário na École du Louvre. A sua investigação centrou-se na história e iconografia da moda, costumes indumentários e o corpo. As suas publicações incluem Piercing, sur les traces d’une infamie médiévale (Textuel, 2001), Bijoux oubliés du Moyen Âge (Seuil, 2008) e Histoire des modes et du vêtement du Moyen Âge au XXIe siècle (Textuel, 2018). Foi curador, no Musée des Arts Décoratifs de Paris, de «La Mécanique des dessous, une histoire indiscrète de la silhouette» em 2013, «Tenue correcte exigée, quand le vêtement fait scandale» (2016) e «Marche et démarche, une histoire de la chaussure».
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Louboutin e David Lynch, 2007. Sabrinas «Fetish Fakhir». Fotografia de Filomena Silvano
VESTIMO-NOS PARA NOS TORNARMOS HUMANOS. MAS E O QUE É SER HUMANO?
Porque é que nos vestimos? Para nos tornarmos humanos. Esta é uma resposta universal. A questão está em saber o que isso significa, tornarmo-nos humanos. Nas sociedades ditas tradicionais tal metamorfose não rompeu a nossa conexão com os outros seres vivos, mas, pelo contrário, no mundo a que chamámos moderno, isso aconteceu.
O que se alterou com o aparecimento do corpo moderno foi a lógica interna do processo, universal, de construção das identidades, em que o corpo está envolvido. Passou a ser mais consciente e esse facto levou os indivíduos a conceberem o seu corpo como uma exterioridade (o meu corpo) modelável, algo que a nossa vontade (e o nosso poder) pode produzir.
Estaremos hoje num momento de viragem? Tudo indica que sim. Não sabemos como fazê-lo, mas procuramos um reencontro com as entidades que, na fina película do planeta Terra onde habitamos, fazem a vida. A crise da covid tornou claro que a nossa existência ou se faz com outros seres vivos ou não se faz. Resta saber como vamos reinventar os nossos corpos nesta nossa nova condição de simples holobiontes. Filomena Silvano
 
FILOMENA SILVANO (Marinha Grande, 1960) é antropóloga, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH) e membro do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA-NOVA FCSH). No seu trabalho relaciona as questões das identidades colectivas e individuais com o estudo do espaço, do habitat, da cultura material e da cultura expressiva. Integrou várias equipas de investigação e colaborou com o cineasta João Pedro Rodrigues em quatro documentários. É autora dos livros «Territórios da Identidade», «Antropologia do Espaço», «De casa em casa: sobre um encontro entre etnografia e cinema» e «Antropologia da Moda» (no Prelo).