«MEDO»
Encare-o como fonte de intervenção artística. Seja real ou imaginário, o medo é a nossa resposta de sobrevivência e é sempre experienciado fisicamente. O corpo atua, reage, enquanto as nossas perceções são desafiadas. Esta masterclass explora o medo como fonte de intervenções artísticas e olha para a interação entre corpo e o objeto/joia como um ponto de referência cultural e pessoal.
CHRISTOPH ZELLWEGER (Lübeck, 1962) é um
artista conhecido internacionalmente por ultrapassar os limites no campo da ornamentação corporal. Cria objetos poéticos, peças únicas de joalharia, produtos ficcionais e
instalações, que se posicionam entre o design crítico e o objeto artístico. Investigou a obsessão das sociedades com a gordura corporal em cenários de operação, entre 2009 e 2012, e apresentou
Excessories — Lets Talk About Fat em 2012. Exibiu volumes translúcidos vazios, em vidro soprado, com referências ao peso, provenientes de protocolos de operações reais, para
expor os diversos destinos da gordura, que se torna metáfora de ausência, ganho e perda. O seu mais recente trabalho vai ser apresentado, em 2021, no Museu da Farmácia, em Lisboa. Desta vez, cria ampolas de vidro que contêm substâncias conhecidas ou misteriosas — pós que são omnipresentes no mundo atual. Alguns podem ser sintéticos — tóxicos e aditivos, outros salvam vidas. Feitas por indústrias poderosas e empacotadas em pequenas doses, substâncias como estas inundam o mercado e mudam as nossas vidas. Com a mistura certa de hormonas queremos reinventar-nos, com uma mão cheia de comprimidos e injeções mudamos a forma como experienciamos a vida, a forma como nos reproduzimos ou envelhecemos e como enfrentamos a morte. Há uma linha ténue entre uso e abuso, entre charlatanice, ciência e fé. Serão substâncias como a «soma» que, no Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, elimina a necessidade de pensamento crítico na sociedade e de questionamento da organização da ordem mundial? Pode a poesia ser curativa?